Morte e Perturbação
Os processos de desencarnação sugerem-nos a interpretação do simbolismo da “escada de Jacó”. Degraus de compreensão, sensibilidade e aceitação das leis divinas e naturais, que não são como se pode tendenciar, uma criação religiosa, mas frutos importantes da Suprema Inteligência, o Criador Todo Bondoso, que não aniquila suas criaturas.
Mas, estabelece a depuração espiritual como toga de introdução às novas experiências existenciais em dimensões de vida que se diferenciam pela densidade gradual da matéria, ou mesmo pela ausência da mesma segundo a madura espiritualidade de cada um.
O que se nos ocorre interpretar é que há uma distância à ser percorrida entre a morte e a desencarnação propriamente dita. Morrer é fenômeno à que todos estamos sujeito pela própria natureza da vida material, mas desencarnar requer entendimento e aceitação dessas leis pela fé raciocinada, pelo conhecimento e principalmente pelo ‘modus vivendi’ à que cada se desenvolveu, por seus condicionamentos religiosos e culturais…
Provavelmente se nos abstivermos do aparato tendencioso que envolve o ritual da morte, ou seja, velório, missa, velas e flores sacadas dos jardins para perfumarem cadáveres, o culto ao desespero e até o desequilíbrio, tidos como normais, pelos mais próximos ao viajor de última hora. E simplesmente encararmos a morte em sua simples e natural expressão como extinção necessária a vida material, e não a vida humana, posto que esta continuará em outra dimensão, teremos a diminuição do impacto doloroso e mal conduzido por nossa deseducação espiritual e religiosa nesse caso; passando à respeitar e acatar os desígnios do Pai em clima de menos desgastes emocionais, com conseqüências desarmoniosas para os que vão e também para os que ficam.
A Doutrina Espírita nos ensina as leis de partida e chegada, o comportamento e conduta correm por nossa conta e por extensão suas conseqüências também.
A maioria dos seres humanos encarnados ‘aceita’ a eternidade da vida, mas rejeita por opções religiosas o enfoque imortalista. Ora, Deus é Eterno e nós somos imortais, por que por Ele criados. A vida não sofre soluções de continuidade por entraves de interpretação religiosa, e aí cada um mergulha nos lençóis da imortalidade, mesmo não acreditando, carregando os créditos alcançados na experiência de vida na terra.
Os caminhos de retorno são ditados pela própria lei da natureza, mas os atalhos sugeridos pela ignorância, pela falta de fé raciocinada, pela covardia de enfrentar as adversidades injuncionais da vida, que são por si nossos aprendizados depuradores, tendências sentimentalistas e desobedientes de se antecipar pelos braços da eutanásia o moribundo recalcitrante, trazem-nos resultados, os mais adversos às expectativas originais, contribuindo intensamente para a continuidade, no plano espiritual, aos sofrimentos vividos por aqui…
Diz a sabedoria popular que nascemos sozinhos e morremos sozinhos e isso não está incluso nas leis de misericórdia do Pai, que permite os desencarnes coletivos, afim de que compromissos assumidos coletivamente e conseqüentes responsabilidades sejam apuradas em conjunto, contribuindo para as devidas expiações concomitantes.
Esses são os degraus ou opções engendradas pela natureza das nossas necessidades, ou escolhidas pela nossa ignorância e deseducação espiritual…
Doença curta ou fulminante
Aborto espontâneo
Morte infantil
MORTES PROVOCADAS
Mortes violentas
Suicídio
Aborto provocado
Eutanásia
Mortes coletivas
Livro dos Espíritos: Cap. III RETORNO DA VIDA CORPÓREA À VIDA ESPIRITUAL
163 – Deixando o corpo, a alma tem imediata consciência de si mesma?
– Consciência imediata não é o termo: ela fica perturbada por um tempo.
164 – Todos os Espíritos experimentam, no mesmo grau, e pelo mesmo tempo, a perturbação que s segue à separação da alma e do corpo?
– Não, pois isso depende de sua elevação. Aquele que já está depurado, se reconhece quase imediatamente, porque se desprendeu da matéria durante a vida corpórea, enquanto o homem carnal, cuja consci6encia não é pura, conserva por muito tempo mais a impressão da matéria.
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Por isso reafirmamos morrer é caminho comum traçado pela lei da natureza, desencarnar é fruto da conscientização espiritual de si mesmo e da vida, aceitação da própria imortalidade e convicção plena de que a vida se estende pelos confins do universo e do tempo pela vontade do Pai e Criador, que muito nos ama…
Que Deus nos abençoe sempre…
Ademário da Silva *** 26/março/2010
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BIBLIOGRAFIA:
Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. FEB
Simonetti, Richard. Quem tem Medo da Morte? Lúmini Ed.
26/03/2010 Publicado por semiramisalencar
http://nequidnimis.wordpress.com/blogs-espiritas/#comment-694
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